Conforme falei no post de ontem, Viagem para Quedas do Iguaçu – PR – Hotel Florença, havia começado a escrever o post e mudado completamente o assunto.
Agora crio esse post para o assunto que chamava a minha atenção. Educação e a comunidade indígena.
Ontem em viagem peguei uma estrada que passava por dentro de uma reserva indígena.
Observando a região, comecei a ver como é triste ver a forma como o índio está integrado em nossa sociedade. Com autonomia para seguir sua cultura, aproveita muito pouco dos valores e forma de viver de suas origens e por outro lado se torna brasileiro dos mais pobres. Pior ainda quando sequer tem oportunidade de acesso a uma educação de qualidade.
Hoje o índio mora em sua casa simples, tem aquecimento solar de água através de projetos de eficiência energética e essa aproximação com a cultura brasileira sem integração efetiva faz com que ele por osmose consiga para seu conforto acesso ao que se tem de mais simples em nossa sociedade, como novela e roupa usada.
Penso no sucesso que seria em longo prazo um programa piloto de educação de qualidade para uma comunidade indígena, mas refiro-me a educação de ponta de nível mundial, pois se uma elite de São Paulo pode ter acesso a esse tipo de educação, por que não também alguns índios? Esse programa poderia ser bi-cutural, pois convidaria o pequeno a conhecer o que se tem de melhor fora de seu mundo, ao mesmo tempo em que faria ele valorizar sua origem e entender a importância de sua comunidade na sociedade. Programas de proteção aos interesses da comunidade indígena, como demarcações de reserva, são interessantes. Porém são incompletos pois acabam tendo o caráter de restringir o acesso ao mundo de fora. Eles não vivem mais como antigamente, mas crescem sem saber aonde podem chegar.
Penso que deve ser muito difícil convencer apenas uma criança que ela pode crescer e fazer algo importante para o mundo quando sua família está presa em uma realidade muito diferente. É como dar bolsa de estudos em escola privada a uma criança de uma comunidade carente e violenta. Ela vai achar que nada daquilo tem importância se está preocupada em desculpas para não entrar para o crime quando chegar a seu bairro. Mas acredito que isso pode ter efeitos muito positivos quando se faz com todas as crianças de uma comunidade de uma só vez. Na comunidade por onde passei, a vida parece ser razoável. Parece não haver fome, falta de água, energia elétrica, etc. Devem inclusive ter uma boa educação de seus valores em casa. Mas falta uma boa escola. Estão presos em mundo que não é mais o deles e não sabem como sair, como melhorar, ou como resgatar melhorando o que se tinha antes. Imagine a criança saindo de sua simples casa todos os dias, desde pequeno, para um dia inteiro de escola de qualidade, com todos os seus amigos, até os 18 anos? Certamente terminariam a escola entrando em vagas das principais universidades do país.
Por fim, dirigir pela reserva e pensar isso me permitiu um afastamento cultural de modo que pude olhar de longe e pensar: por que isso não poderia servir para qualquer comunidade do Brasil?