Tenho visto com grande frequência no Facebook, manifestações nostálgicas principalmente de pessoas da Geração X, mas não raro vejo também muita coisa vindo focada na Geração Y. Geralmente são coisas do tipo cresci sem iPad, todo mundo tinha apelido e não existia bullying, andava de carrinho de rolimã e chegava em casa com o joelho ralado levando bronca. Isso sim era tempo bom.
Para quem tem algo perto de 32 anos, assim como eu, possivelmente cresceu com pais dizendo que quando eles eram pequenos no interior não ficavam vendo TV, não tomavam Yakult e mesmo assim foram muito felizes.
É assim e sempre será. Nostalgia pode ao mesmo tempo mostrar respeito a coisas de uma época que tanto marca a vida de um ser humano, como também pode virar desrespeito.
Fiquei pensando muito nisso esses dias quando vi na TV o seriado Anos Incríveis, com o Kevin Arnold dizendo que a sua geração, a geração dos baby boomers era uma geração fadada a ser problemática por causa da TV.
É interessante como os mais velhos querem respeito e reconhecimento, mas ao mesmo tempo desrespeitam o que é valioso aos mais novos.
Aonde eu quero chegar?
Vamos direto ao ponto então e falar da geração dos pequenos de hoje. A princípio, que geração perdida, crescendo em apartamento, cheio de brinquedos eletrônicos e gadgets dos pais como o iPad. Então cheguei ao ponto. Não é uma história velha? A cada geração o assunto se repete. Nos últimos 120 anos o mundo mudou demais. Equipamentos foram surgindo, as pessoas foram para as cidades, as cidades foram crescendo. É tão natural que a vida mude a cada 20 anos e assim será enquanto o mundo continuar crescendo em população e com isso demandar mais inovação em tecnologia.
Mas a vida é curta e uma só. Na infância a pessoa tem a cabeça cheia de neurônios (sim, mais que um adulto), ávida para formar mais e mais conexões neurais, as chamadas sinapses, então não é de se estranhar que seja um período a se lembrar com tanto respeito, já que ali foram gravadas as impressões mais fortes da vida. O problema se dá quando a falta de racionalidade gera o desrespeito entre gerações, seja um mais novo que não entende o conceito de felicidade na roça, seja o mais velho que acha que o neto nunca vai entender o que é felicidade se ao invés de subir num pé de goiaba tem uma vida completamente urbana.
É algo facilmente resolvido quando você se coloca no lugar dos outros. Mas a vida é curta, repito, e por isso cada um tende a valorizar demais a sua (apenas).
Mais esquisito ainda quando isso vai de pai para filho:o pai criticando o estilo de vida do filho, apartamento, videogame… Muito diferente do interior. Mas não foi a criança que comprou o apartamento. É questão de respeito com o que importa para o seu filho, e isso vai contribuir no respeito mútuo.
Minha geração, que cresceu na cidade tem a desculpa no crescimento urbano. Vamos culpar a especulação imobiliária, que acabou com as ruas tranquilas para brincar e as casas. Mas ainda são apenas desculpas.
O interessante é que nosso cérebro tem um potencial muito grande e se adapta muito bem para usos para o qual não foi planejado. Se quer um exemplo fora de tecnologia, uma das últimas colunas do Hélio Schwartsman (dica do amigo Diego) fala que nosso cérebro não foi preparado na evolução para a leitura. E fazemos isso muito bem.
O fato é que o mundo muda. O adulto normal daqui 30 anos vai sim ter crescido com tablets, viagens frequentes de avião e toda coisa estranha que ainda está por vir. E isso hoje é tão estranho quanto o seu avô dizer que banheiro para ele era um buraco no chão.
1 thought on “Geração iPad e respeito entre gerações”
Nosso artigo na Revista Educar: Geração iPad e o respeito entre gerações - Diário dos papais
(04/12/2012 - 6:37 pm)[…] a edição 60 da Revista Educar e a novidade nossa é que temos um artigo lá! O artigo, chamado Geração iPad e o Respeito entre Gerações, foi um dos primeiros do blog e está apresentado em uma versão especial para a revista. Capa […]
Comments are closed.