Criando um filho bilíngue: nossa jornada com o Arthur

Olá amigos,

Com esse post começo oficialmente a relatar a nossa jornada criando um filho bilíngue. Com isso espero não somente guardar as experiências para mim e minha família, mas também ajudar a quem interessar com o nosso aprendizado feito de erros e acertos.

Essa jornada diz respeito a pais brasileiros (eu, Mario e a mãe Cleu), que moram no Brasil e querem que o filho cresça aprendendo o inglês juntamente com o português.

Nosso filho Arthur

Não foi algo que eu desde sempre pensei em praticar. Para ser sincero, mesmo depois que o Arthur nasceu eu não estava pensando muito sobre o assunto. Mas logo que ele veio para casa, eu cantava para ele músicas em inglês e conversava quando estávamos a sós. Um pouco antes dele nascer esse assunto foi falado com a Cleu e os tios dela, que falam alemão e pretendiam falar essa língua com ele. Eu pretendia conversar com o Arthur em inglês mas não sabia como seria a rotina.

Talvez um dos primeiros gatilhos que me fez entrar nessa jornada foi o fato de um amigo meu, que é nascido em Taiwan mas criado no Brasil, ter me dito que em casa com o filho só iriam falar em inglês e chinês. Para uma pessoa que tem uma mente culturalmente muito mais aberta como ele, isso é bem natural de se pensar. Já sabia que aprender uma segunda língua desde cedo trazia benefícios permanentes para o desenvolvimento, então pensei, por que não?

Outro gatilho foi a descoberta da Linguagem de Sinais para Bebês. O Arthur tinha pouco mais de dois meses quando eu estava procurando no iTunes por apps de iPad para bebês e descobri a linguagem de sinais. De cara achei estranho, mas logo pesquisei sobre o assunto e me encantei. E com isso resolvi pegar mais firme na questão do inglês com o meu filho. Resolvi ensinar os sinais enquanto falava em inglês. Fiz o caminho mais tortuoso de todos, pois recomenda-se começar com sinais aos seis meses, uma vez que a falta de resposta do bebê pode frustrar os pais. Estava consciente da falta de interação por meses e insisti nisso.

Foram quatro meses fazendo muita repetição de seis sinais:

Eu abusava do uso dos sinais quando o contexto permitia, para que ele fizesse as corretas associações, e sempre colocava na minha cabeça que a resposta demoraria bastante.
Com seis meses ele começou a fazer o sinal de Leite, mas da mesma forma que uma criança começa às vezes a falar uma palavra com o contexto errado. Ele fazia o sinal para indicar que queria alguma coisa que ele estava vendo, ou até mesmo para indicar que queria ir com uma pessoa. Aos sete meses fazia o sinal corretamente e hoje faz bem raramente. Geralmente fala “mam mam”.
Introduzi também mais sinais relacionados a comida:
Com dez meses ele já fazia os sinais de all done e eat. E foi quando ele falou pela primeira vez. Estávamos aqui em casa, com a tia Delsi, e quando ele terminou a papinha, eu fiz o sinal e falei:
– All done!
E eis que veio uma repetição – All done!
Foi um certo susto. Falei para Cleu se ela tinha visto, mas concordamos que tivesse sido uma coincidência, afinal desde pequeno ele falava muitos “és” que às vezes acertava a hora certa nas conversas.
Mas no dia seguinte ele falou de novo, e no dia seguinte também. Depois ficou um tempo sem falar, passando a falar bem eventualmente, tal como o Eat, que ele falou por um tempo e depois parou.
A segunda palavra foi light, que ele dizia “lai”. Depois passou a dizer algo como “iiihi”, para tentar querer dizer Licht,  que é luz em alemão, o que foi ensinado pela tia.
Então ele entrou em uma fase mais de desenvolvimento de mobilidade do que de comunicação, ficando assim por uns dois meses.
Com um ano ele já entendia bem várias palavras em inglês:
  • light
  • milk
  • eat
  • water
  • ball
  • shower
  • diaper
  • dog
  • open
  • close
E também sabia alguns outros sinais, como shower diaper.
E desde que o Arthur tinha três meses eu lia para ele em inglês. Na época, era tempo de natal, como agora e eu lia muito o Queen of Christmas. Depois comprei também o Curious Baby My Favorite Things, com o Curious George.
Curious Baby My Favorite Things
Com esse livro, eu ensinei a ele o significado da frase turn the page.
Eu insistia com essa frase sempre que era a hora de mudar de página. Se digo que foi fácil, foi somente pelo fato de eu não ficar esperando que ele respondesse imediatamente. Foi com o tempo que ele aprendeu. Depois de alguns dias ele já vinha até engatinhando correndo só para mudar de página se me ouvia falar essa frase.
O livro seguinte foi Please and Thank You. Esse livro ensina o  please e o thank you. São conceitos mais complexos. O Arthur entende quando estou falando, mas faz em sinal o please apenas, e de vez em quando. Mas se eu peço para ele pegar o livro Please and Thank You, ele vai lá e pega.
Como podem ver, nossa jornada está apenas começando. O Arthur tem apenas um ano e três meses e portanto fala bem pouco. Até o momento só posso medir sua aquisição de inglês e português ao verificar o quanto de palavras ele compreende.
Sei que não será fácil. Se quiser acompanhar essa jornada, deixo à sua disposição algumas ferramentas que lhe permitirão ter acesso ao material com mais facilidade, conforme lhe for mais conveniente:
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O próximo post será sobre o histórico de bilinguismo nas nossas famílias.

 

Post Author: mario