A importância de uma segunda língua

A revista Galileu (Editora Globo) de Julho de 2012 traz uma matéria muito interessante sobre bilinguismo intitulada “Duas línguas pensam melhor do que uma”.

A matéria começa com a autora dizendo que quando ela era pequena sua mãe fez algo que alterou a forma como seu cérebro se desenvolveu, melhorando a capacidade de aprendizagem, de resolver enigmas e de executar múltiplas tarefas ao mesmo tempo. Tal feito pode até mesmo proteger o cérebro dela da senilidade.

O que foi de tão importante que sua mãe fez? Ela conversava com a autora em francês quando esta era pequena.

O texto indica que o desenvolvimento diferenciado do lado cogntivo é apenas um dos pontos, pois memórias, personalidade e valores podem mudar de acordo com a língua que a pessoa bilíngue usa.

O bilinguismo no século 19 era mal visto pelos pedagogos que acreditavam que a prática confundia as crianças, mas hoje sabe-se que isso não é verdade. Estudos da década de 1960 no Canadá já indicavam que os bilíngues eram capazes de superar os monoglotas em 15 testes verbais e não-verbais. Mesmo assim o bilinguismo foi ignorado como uma prática positiva por muitos anos e só passou a ser mais explorado recentemente.

A matéria fala sobre um recente estudo feito com bebês pela norte-americana Laura Ann Petitto, da Gaullaudet University. O cérebo de um bebê é aberto a qualquer língua, porém essa pré-disposição vai se perdendo e com apenas um ano seu cérebro concentra-se em sons conhecidos de sua língua materna. No entanto, o cérebro de um bebê bilíngue mesmo após um ano continua a mostrar forte atividade neurológica quando ouve sons desconhecidos de outras línguas. A autora do estudo acredita que o bilinguismo estimulado no bebê faz com que este não perca a capacidade de aprender novos sons.

A matéria da Galileu aponta ainda que indivíduos bilíngues são mais capazes de se imaginar no lugar dos outros, por ter mais facilidade de bloquear informações conhecidas e então se concentrar no ponto de vista alheio.

Alguns pontos interessantes a se destacar da matéria:

  • Lembranças podem ser diferentes em cada língua. Pessoas bilingues em inglês e mandarim, ao serem solicitadas a citar uma estátua, citavam a Estátua da Liberdade quando questionadas em inglês e a estátua de Mao Zedong quando questionadas em mandarim
  • Bilíngues que falam espanhol tendem a ter mais dificuldade a se lembrar quem causou um acidente, devido ao fato da língua espanhola possuir construções impessoais, que não deixam claro quem foi o responsável por uma ação (exemplo da revista: Se rompió el florero)
  • Em um teste, mexicanos fluentes em espanhol e inglês tendem a se descrever de forma mais humilde em espanhol, sendo que a modéstia é uma característica valorizada no México enquanto nos EUA a assertividade denota respeito

Texto originalmente publicado no site Linguagem de Sinais para Bebês.

Post Author: mario

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