Hoje vou falar sobre o nascimento do Arthur. Como foi, como nos sentíamos, como era o lugar… E pensar que logo mais fará dois anos que isso aconteceu.
Para começar, vou falar um pouco do pré-natal. Assim que soubemos da gravidez, a Cleu foi verificar a agenda de sua médica, porém ela não estava trabalhando por estar grávida de gêmeos.
Então por indicação de um amigo, fomos atrás do Dr. Luis Miguel Parente, da Clínica Parente em Florianópolis. Um médico muito bem recomendado que gostamos desde a primeira consulta. E foi ele que fez o parto, na Maternidade Santa Helena, juntamente com mais outro médico obstetra da maternidade.
O parto foi às 13:00. Meus pais e meus sogros estavam ali também. Uma coisa me chamou atenção enquanto estávamos ali aguardando. Os partos de mulheres que chegam com a bolsa rompida não são como os de filmes. Elas chegam e pegam uma senha para ser atendida, como se quisessem fazer um exame de sangue.
Na hora do parto, estava conversando com o médico no vestiário. Falei para ele que uma das preocupações que eu tinha era com a anestesia. Ele me tranquilizou dizendo que não havia com o que se preocupar, e que se desse algo errado o anestesista estaria presente durante todo o parto. No parto estavam dois médicos obstetras, um pediatra, um anestesista e três enfermeiras.
Na sala de parto o médico brincou:
– Você não estava preocupado com a anestesia? Eu trouxe um primo seu. – Era um médico japinha.
Tudo foi correndo bem. Preferi não olhar, mas na hora do nascimento em si eles me avisaram e eu olhei. A sensação é realmente indescritível. Ele saiu roxinho e levou cerca de dois segundos para respirar e chorar.
Ele logo foi pego e colocado para ser pesado e medido. Também fizeram um teste (Apgar) que gera um score para identificar possíveis problemas. Tudo certo. Foi colocado em um lugar com aquecimento e me chamaram para olhar. Naquele momento, ali vendo o meu filho pela primeira vez me senti mal por um momento. Ter que deixar de segurar a mão da minha esposa para dar preferência para outra pessoa. Minha esposa estava ali, emocionada e frágil, mas uma nova pessoa precisava ainda mais da minha atenção. Na verdade era eu que queria dar essa atenção para essa pessoinha. Pareceu que eu tive que fazer uma escolha na hora.
Enquanto eu olhava, bem ingênuo perguntei: posso tocar? Disseram que claro que eu podia. E ele só chorava. Pelo choro, perceberam que a respiração ainda fazia um barulho diferente e colocaram sobre ele uma “tampa” para que respirasse melhor. E agitado do jeito que é, chegou a tirar a tal tampa.
A Cleu perguntou com quem parecia e eu respondi: com o meu pai. Não sei se ela gostou do que ouviu.
Em seguida ao parto eu tive que sair. Fui almoçar com meus pais e na volta fui esperar minha esposa e filho no nosso quarto. Ele chegou aos braços da Cleu acordado.
O Arthur foi a primeira pessoa próxima a mim a nascer depois dos novos hábitos na maternidade, onde a criança fica o tempo todo com a mãe e não mais separada em um berçário. Então muita coisa nós não fazíamos ideia de como seria, e ninguem veio nos ajudar e informar em nada. Hoje eu acho até ingenuidade minha, mas nós não sabíamos nem que era nós que deveríamos trocar a fralda. Até porque na enfermaria mal havia espaço.
No primeiro dia ele tinha um costume de ficar o tempo todo com a mão na bochecha ou lateral do rosto, e também de puxar a sua touca. Na primeira noite, será inesquecível para mim um momento em que ele estava acordado, em meu colo de frente para mim, com a mão na bochecha e me olhando. Ficou assim por uns longos dois minutos.
O Arthur nasceu em um dia que eles disseram que foi movimentado. Por conta disso, passávamos mais de uma hora esperando sempre que precisávamos falar com alguem, o que é na verdade um absurdo. Estávamos preocupados também com a questão da mamada. Ele não queria mamar. As enfermeiras diziam que era normal, mas se em tantas horas não mamasse era para se preocupar. Quando essas horas passavam, obviamente nos preocupávamos. E para conseguir ajuda de alguem era complicado. Uma enfermeira disse que ele não sabia sugar e precisava de uma chupeta. E lá fui eu buscar a chupeta no meio da madrugada em casa, mas como não encontrei, tive que comprar uma em uma farmácia 24h.
Na segunda noite no hospital eu estava acabado. Na verdade, minha sogra ficou no meu lugar. Eu voltei para casa para dormir por estava há mais de 30 horas acordado. Cheguei em casa e lembro bem de olhar a hora. No dia seguinte vi que apenas dois minutos depois um amigo meu me ligou e eu nem ouvi.
Ainda no dia seguinte, assim que eu cheguei de volta ao hospital já era praticamente o horário da alta. Nesse meio tempo recebemos visitas de amigos, familiares, do Dr. Luis Miguel e de pediatras. Fiquei impressionado no entanto com o atendimento da Prefeitura de Florianópolis, que envia pessoas ao local para as primeiras vacinas e coleta de dados. Pegaram nosso contato e depois nos ligaram para marcar as vacinas, exames e consultas. Melhor que o particular da Unimed.
Por fim, trouxemos nosso grande amigão para casa. Minha sogra esteve conosco por pouco mais de duas semanas, o que fui muito importante. E desde o primeiro dia em casa, colocamos ele para dormir no próprio quarto. Tem gente que diz que você volta da maternidade outra pessoa. Eu no entanto sou do tipo que já ouvi tanto isso, que de certa forma estava preparado para o que eu iria sentir, então digo que voltei a mesma pessoa, mas muito mais feliz e maduro. As prioridades passaram a ser outras.