Que tipo de pai eu sou

Se alguem ler esse blog, talvez precise entender que tipo de pai eu sou. Até mesmo quem me conhece muito bem talvez não saiba que tipo de pai eu sou.

A paternidade, creio eu, muda as pessoas e revela ou realça traços adormecidos na personalidade e valores.

Tenho aqui então a difícil tarefa de tentar fazer uma auto-análise, para que futuramente certos posts sejam melhor entendidos. Apesar de sempre ser mais fácil falar como o outro é visto por você, vou tentar apenas me descrever, deixando que a Cleu, caso queira também, escreva sobre que tipo de mãe ela é.

Acredito eu que eu seja um pai bastante carinhoso e amável. Gosto muito de estar perto do Arthur, abraçar, apertar, etc. Mas isso todo pai vai achar que faz, independente se os outros concordam ou não.

Certas coisas na vida a gente dá mais valor do que outras, isso é inevitável. Eu tenho uma forte tendência a dar uma importância extrema para oportunidades imperdíveis da vida, e me preocupar muito com isso. Acredito que esse tipo de valor acabe se realçando fortemente em preocupações com saúde e educação.

Por outro lado, sendo bem sincero, sei que não sou o tipo do pai que adora ficar longos períodos com o filho no colo, dando banho, trocando de roupa, etc. Tudo bem, isso geralmente é mais com a mãe, mas vejo muitos pais que são bem participativos nisso e eu sei que nisso eu sou mais afastado. Não que eu não faça nada disso, mas nitidamente não é com a mesma intensidade e preocupação que a Cleu. E ela ótima nisso. Uma mãe cheia de carinho, brincadeiras que faz ele dar gargalhadas, e bem preocupada, com toda a paciência do mundo para tirar três níveis de calça e blusa para trocar a fralda e colocar tudo de novo.

Acho que como pais nos complementamos bem.

Vamos lá então, vou falar sobre saúde. Acho que eu tenho uma tendência a ser hipocondríaco, e com isso, me preocupo também com o meu filho com coisas graves mas muito improváveis de acontecer. Durante a gravidez, li muita coisa sobre como diminuir certos riscos, como aumentar a chance de certos benefícios, etc. Depois escreverei um outro artigo específico sobre isso. Nesse período de gravidez até o nascimento, comecei a me inteirar mais, por exemplo, sobre a coleta de células tronco do cordão umbilical. Também escreverei outro artigo específico sobre isso posteriormente. Preocupado como sou, e ao mesmo tempo otimista, considerei a coleta algo imprescindível e uma chance única na vida (e realmente é). Pensei não somente nos benefícios para coisas improváveis que eu não quero nunca que aconteça, como coisas loucas que possam acontecer futuramente, como ter um novo coração de você mesmo aos 80 anos. Então, evidentemente, isso para mim não poderia faltar.

Aí pode entrar muita gente dizendo coisas do tipo: ah, eu cresci sem isso e estou bem até hoje, ah meu vô não teve isso e viveu até os 90 anos, isso é artificializar a vida, etc. Graças a Deus não ouvi isso ainda, mas sei que é bem o tipo de coisa que posso ouvir. A mesma pessoa que pode deixar de gastar os R$ 3000 com esse benefício que é para a vida toda de uma pessoa pode optar gastar três vezes esse valor com um teto solar panorâmico opcional em um carro, e vendo pelo meu lado, eu diria: vai entender? Mas acho que cada um tem direito a sua opinião.

Só falando um pouco mais sobre coleta de célula tronco, eu julgo isso um assunto um tanto “polêmico”. Não só pela opinião divergente que pessoas possam ter, mas também pelo fato de muitas vezes isso não é uma opção para um casal ou eventualmente, até poderia ser, mas passou a hora sem que o casal chegasse a ter interesse, e nesse caso, falar sobre isso pode causar constrangimento, então, não toco nesse assunto. Mas no blog é diferente. Aqui, apesar de ser um assunto pessoal, estou expondo ao mundo um assunto de forma impessoal, como dica e reflexão para quem quiser ler, sem invadir a opinião de cada um.

Ainda em saúde, por outro lado, meu filho que hoje tem 9 meses está na escolinha, o que não é muito recomendado pelos médicos por questões de saúde. Mas aí entra outro lado, onde para mim o custo-benefício dos estímulos a educação nessa fase superam os dos resfriados. Além do que, não é uma opção para nós deixarmos o filho em casa. Não temos com quem deixar, e para ter uma babá, teria que ser uma muito boa, e que pudéssemos depositar muita confiança.

Então, falemos de educação. Muita gente, inclusive médicos, dizem que essa fase a educação não é tão importante, pois o que um bebê mais precisa é de carinho. Eu gosto muito de psicologia e já estudei muito sobre o assunto. Na verdade, até mesmo em programas de TV nada científicos, como Jornal Nacional e Fantástico, sempre tem alguma matéria falando sobre a influência nos bebês de certos estímulos. Vejo isso desde pequeno. Para alguns isso não foi importante. Para mim isso foi sempre marcando.

Na escolinha do meu filho ele é atendido com muito carinho por duas pessoas com formação superior em pedagogia, que sabem como estimular nele o interesse para leitura, atividades físicas, hábitos alimentares saudáveis, etc, muito melhor do que um parente, com mais boa vontade que fosse, poderia fazer. Às vezes me sinto um pouco estranho sendo uma das únicas pessoas a me preocupar com uma coisa. Se por um lado, tal como um early adopter não vejo problemas em fazer algo diferente, por outro não me sinto a vontade com o olhar crítico de pessoas que pensam diferente. É algo que preciso trabalhar, afinal o filho é meu e não do povo e deve ser criado com segurança minha sobre os meus valores e da Cleu.

Como deu para perceber, sou um pai bastante preocupado. Sou muito correto na minha vida, em seguir regras e etc, e isso faz com que eu seja bem rígido em certos cuidados. Leis para mim não foram criadas atoa, elas servem para manter em ordem uma sociedade. Não acredito que uma sociedade possa ser mantida a base de jeitinho e excesso de tolerância. Segurança é outro ponto. O bebê conforto ou cadeirinha estão no carro sempre. Para mim nunca teve essa de ter pena da criança ficar virada de costas. Segurança em primeiro lugar. Não é apenas uma preocupação com multa, comprando o modelo mais barato que existe e usando onde geralmente tem blitz.

Por outro lado, de tanto ouvir e pensar sobre filho mais velho e segundo filho, creio que racionalizei demais o assunto e em muitos ponto, acredito que com sucesso eu crio o meu filho como se fosse o segundo. Se ele está tentando se levantar e cai, eu finjo que nem vi e que aquilo nem foi nada (claro que observando bem para ver se não foi sério). Se ele está tentando pegar algo e não está conseguindo e começa a chorar, para mim o choro entra por um ouvido e sai pelo outro. Não dói no coração a ponto de eu pegar para ele. Se uma mãe deixa o filho da escola e faz cara de choro, ela ensina que aquilo é um momento de sofrimento. O filho precisa de cuidado, mas não de pena.

Nosso instinto protetor é para proteger em situações que realmente necessitam, não para cada pequeno passo apenas para satisfazer nosso desejo de se sentir importante.

Tão sério quanto segurança, educação e saúde é o convívio da criança. No caso dos padrinhos, sempre frisei para a minha esposa que os padrinhos deveriam ser pessoas a quem a gente realmente confiaria nosso filho. Não precisaria ser um casal, mas não poderia ser um casal instável. Também não me agradava muito colocar alguem extramamente próximo na família, como irmão ou irmã, pois não aproximaria pessoas de outro círculo a nossa família. Então, escolhemos os melhores padrinhos que o Arthur poderia ter, meu primo Tiago e a nossa amiga Alice. Pessoas que só tem a agregar a nossa família, que sabemos que podemos contar sempre, e ainda por cima, são pessoas que procuram sempre estar presentes em nossas vidas e nos colocar presente nas deles.

Com isso, espero deixar um pouco mais claro a forma que penso, para que entendam melhor meus relatos e não vejam o que escrevo aqui como dicas impostas, como se eu achasse que qualquer pessoa deveria pensar igual. Eu penso assim e tenho meus valores que podem ser bastante diferentes dos seus e de outros. Isso, junto com respeito, é uma das melhores características do nosso mundo.

 

Aniversário de 6 meses do Arthur
Aniversário de 6 meses do Arthur

Post Author: mario

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