Nos últimos meses a violência tem tido destaque acima do comum na mídia. Santa Catarina,
mesmo com sua qualidade de vida acima da média nacional, não ficou de fora. Estamos
acostumados a ouvir sobre ataques violentos em cidades como São Paulo e Rio de Janeiro, mas
quando acontece do nosso lado, tão perto, colocamo-nos a refletir sobre o mundo em que
vivemos e criamos nossos filhos. No entanto, mesmo com o problema ao nosso lado ainda nos
distanciamos. Desejamos que não aconteça com ninguém conhecido e que a polícia resolva.
Mas o que podemos fazer para resolver?
Sabemos da corrupção da política no Brasil, mas há pouco tempo saiu a manchete que para a
FIFA somos um país de corruptos. Também em um estudo de 2006 foi levantado o número de
multas dos diplomatas em serviço na ONU em Nova York para correlacionar com a corrupção.
À época os veículos eram multados, porém o pagamento não era obrigatório e não havia
consequências. Países como Canadá e Japão não tiveram nenhuma multa enquanto o Brasil
registrou uma média de 30 multas por diplomata a cada ano. Podemos mudar agindo com
educação e gentileza, mas cabe também ao governo garantir a segurança e fiscalização.
Ainda em Nova York, foi implantada na gestão de Rudolph Giuliani uma politica de tolerância
zero contra crimes considerados pequenos, aplicando a chamada Teoria das Janelas
Quebradas. A teoria diz que se um prédio possui algumas janelas quebradas que não são
reparadas, a tendência é que vândalos partam mais janelas. Posteriormente poderão invadir
o edifício ou incendiá-lo. Giuliani queria modificar a impressão pública de que Nova York era
uma cidade muito grande para ser gerenciável. O combate foi forte contra crimes leves e fáceis
de resolver, tais como pichar muros e viajar de metrô sem pagar. A reação inicial foi negativa,
porém observou-se de imediato uma diminuição nos crimes tanto leves quanto graves e um
declínio constante dos índices por dez anos seguidos. O povo passou a ter um sentimento de
justiça e Nova York tornou-se a cidade grande mais segura dos EUA.
Enquanto colocamos nossos filhos nas melhores escolas e nos preocupamos com a violência
que está do nosso lado, não podemos também fechar os olhos para os “pequenos” problemas
da nossa sociedade, tais como estacionamento irregular em vaga para idosos e sonegação de
impostos. Ao permitir ou praticar tais atos, estamos como pais perpetuando valores ocultos
com a forma mais eficaz de ensino – o nosso exemplo.